fevereiro 16, 2013

Minuto de Silêncio por Santa Maria

Um cheiro que não tinha cheiro, fumaça que não tinha cor. Como toda morte, sem dor. Gemidos sem eco, sorrisos em vão. Concreto, calado. Entradas sem saídas. Pode alguém entrar, para nunca mais sair? Um fogo sem ar. Suor, sem sangue. Vida pedindo passagem, para ir a lugar nenhum. Como todo infortúnio, estúpido. Recuo viçoso do tempo em flor de juventude. No começo, o fim. São corpos inertes a vagar assustados pela cidade. Carregam-se. Abraçados. Sem entender. Um vácuo tardio cheio de silêncio. Um soluço sem lágrima, a seco. Saudade, sem dimensão. Em que céu baila os filhos que morrem cedo, antes do dia amanhecer? Que não se fossem assim, sob as luzes da escuridão e do frio! Que batessem à porta da nossa casa, frenéticos e cansados, prontos para descansar. Quebrassem o silêncio da madrugada com suas risadas e fanfarrices, despertando-nos da insônia! Uma espera, sem esperança. Como mensurar a ausência de um coração que era nosso próprio coração fora de nós?