outubro 27, 2011

Enem põe decoreba no banco dos réus

Fiz o ENEM 2011, embora tenha concluído o Ensino Médio e até já fui aprovada em dois vestibulares, no início dos anos 80, chegando a cursar Comunicação Social na Facom/UFBA. Nada de cursinho preparatório nem de professor particular. Estudei e revisei os assuntos solitariamente, para participar do exame e tentar responder às provas. Com a cara e a coragem. Foram 180 questões no total, divididas em quatro provas, duas a cada dia: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Códigos, Matemática, e suas respectivas Tecnologias, mais a prova de Redação. No geral, são questões cujos enunciados têm dupla função: ao mesmo tempo em que nos dão suporte para responder corretamente, informam também. Se você é um desses “Caxias” que gosta de ler, é rato de leitura, então, com certeza saiu do Enem mais informado do que entrou. Notei algo diferente nestas perguntas e seus enunciados: Biologia, Química e Física estavam de cara nova, mas seus temas eram familiares e muitos, conhecidíssimos, só que atualizados. São áreas do conhecimento que tiveram enormes avanços nos últimos anos e o Enem teve a pretensão de incorporar e cobrar do candidato parte destas conquistas científicas. Fiquei a pensar se o conteúdo programático dos currículos escolares estaria também atualizado, se os professores e educadores estariam devidamente preparados para ministrar estes conteúdos e se, finalmente, os estudantes, principalmente, os da rede pública, estariam aptos para recebê-los e assimilá-los. Não vou fazer juízo, para não subestimar ninguém. Estudei em escola pública, durante quase toda minha vida e sou da época em que estudar em escola pública era para os bons alunos. Eu me orgulhava de estudar numa “escola do governo”. Ao contrário de hoje, quem pagava os estudos, estava “comprando” o aprendizado e a formação, e não os adquirindo com seus próprios esforços. Voltando ao Enem, penso que se ainda não estiver acontecendo deve acontecer uma revolução no processo ensino-aprendizagem, na perspectiva das novas descobertas e tecnologias, incorporando o conhecimento dos fatos do passado com uma visão crítica e de futuro. O tão temido e esperado tema da redação, do meu ponto de vista, não foi tão fácil. Teve gente que publicou opinião no sentido contrário, afirmando ter sido “fácil e esperado”. Não concordo. “Viver em Rede no Século XXI: os Limites entre o Público e o Privado” é um tema-processo que estamos iniciando agora, ele é recente e complexo. Não temos ainda um salutar “afastamento” histórico, contextual para que possamos escrever a respeito dele, sem cair em contradições tão presentes em nosso dia. Por outro lado, o tema da redação me trouxe outra reflexão: qual a qualidade desta “vida em rede”? O que os jovens brasileiros buscam nas redes sociais? E o que encontram realmente? Nossas redes são reflexo ou não das nossas vidas e da nossa realidade? Temos a noção do que é difundido em prol do interesse público e em resposta a interesses privados? Boa sorte ENENÉNS, e até o SISU!

outubro 12, 2011

Informação: dever e direito social

É preciso combater certo tipo de “jornalismo” mau caráter que se deleita em difundir factóides, só para satisfazer a seus leitores (ou eleitores?) menos exigentes e seus ouvintes menos atentos. Informação é um Direito Social e não pode ser manipulada. O jornalista nasceu para “desagradar a gregos e troianos”, já dizia um amigo meu. Não é para cair num radicalismo anacrônico e infrutífero, mas para mostrar a vida como ela é: com suas qualidades e defeitos. Com suas contradições e paradoxos. Está escrito, com todas as letras que “o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange o seu direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação”. E que “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica – se pública, estatal ou privada – e da linha política de seus proprietários e/ou diretores”. Louvado seja o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros! Sei que muita gente nunca nem ouviu falar, mas que existe, existe e se existe é para ser respeitado. Deve ser o nosso “mantra”, um tipo de oração que devemos fazer ao acordar, antes das refeições, antes de escrever ou falar algo, e ao dormir para, no dia seguinte, acordar em paz com Deus e com os homens. Sou eu não, é o Código que diz: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação”. Veja como é profunda a ideia do legislador quando coloca jornalismo e verdade no mesmo nível. Posso até ousar: jornalismo é verdade dos fatos. O resto é o que quiser, mas não é jornalismo. Vamos mais fundo na coerência da lei quando preconiza a “precisa apuração (dos fatos) e a correta divulgação (dos fatos)”. Penso que isto quer dizer que não podemos dissociar apuração precisa e exata, da divulgação correta e verdadeira. Recomendo a todos a leitura desta preciosidade que é o nosso Código de Ética (repito: NOSSO, de todos os cidadãos e cidadãs do Brasil) para ter uma visão do que realmente a lei considera jornalismo e repudiar o que é o anti ou pseudo jornalismo. Mas aos que abraçaram ou desejam abraçar esta profissão, recomendo a dedicação de duas horas diárias de suas vidas - vida de labor intenso e apressado - à silenciosa leitura deste que deve ser o nosso “norte”, o nosso código de conduta – conduta que ultrapassa as portas dos jornais e emissoras de rádio. Como recomenda nossa ética, é dever dos jornalistas “valorizar, honrar e dignificar a profissão”. Cuidado: é crime informar mal ou não informar a verdade dos fatos, pois a vítima pode ser você mesmo.

outubro 10, 2011

A luta continua companheira

Antes do discurso histórico da Presidenta Dilma Rousseff, na abertura da Assembleia Geral da ONU, do qual a mídia tupiniquim preferiu destacar o que ela declarou sobre as relações do Brasil com as grandes potências em crise e a defesa que fez pela liberdade e autonomia de todos os povos, inclusive, os palestinos, houve uma reunião igualmente histórica, mas que passou quase despercebida. Foi também na sede da ONU, em Nova Iorque, no dia 19 de setembro, que Dilma encontrou-se com a ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, que hoje atua na ONU Mulheres (criada em 2010), com Hillary Clinton, titular de secretaria de Estado - cargo estratégico para o governo de Obama, e com Catherine Ashton, Alta Representante de Política Externa da União Europeia (UE). Os principais assuntos entre elas foram a participação política das mulheres e a igualdade de gênero. São as mulheres, segundo a presidenta brasileira, quem mais sofrem com a pobreza extrema, o analfabetismo, os sistemas de saúde deficitários, conflitos e violência sexual. Salários menores pela mesma atividade profissional e presença reduzida nas principais instâncias de decisão. Entendo que quanto maior for a nossa participação política, maior será a representatividade, resultando em lutas e conquistas e, finalmente, em maior igualdade. Acredito que um mundo mais justo passa, portanto, pela igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. Numericamente, somos mais da metade da população mundial. No Brasil, na Bahia e em Jacobina, também é assim. Quantitativa e qualitativamente. Os países com maior igualdade de gênero são mais ricos, têm um Produto Interno Bruto per capita (por pessoa) mais alto, afirmou Michelle. A liderança das mulheres empresárias apresenta melhor desempenho. Catherine comemora as conquistas, mas ressaltou que ainda “nos resta um longo caminho pela frente”. Na declaração conjunta, Dilma, Michelle, Hillary e Catherine afirmaram que a participação política das mulheres é fundamental para a democracia e essencial para se obter a paz e o desenvolvimento sustentável. A luta continua sendo a melhor companheira. (Texto: Cidinha do Ó / Fonte: Terra Notícias)