Meu Deus pode não ser o seu Deus,
mas é tudo o que eu tenho agora. Nada mais me resta. É tudo. O que tenho a
dizer é quase nada mediante TUDO que Deus representa para mim. Eu sei que o meu
tudo é quase nada. E que tudo pode acabar a qualquer momento, sem que nada
[nada] possa impedir que tudo acabe. A não ser Deus, que a tudo pode impedir. Ou
permitir. Há uma ideia que sobrevive a tudo, a ideia de que nada é tão intenso
e profundo que a ideia de que Deus existe. Acima, abaixo, por dentro e por fora
de tudo que existe. Deus se infiltrou em tudo. Eu sinto. Quando mergulho na luz,
tanto quanto na escuridão. Nas cores. Nos sons. Nas águas. E até em tudo o que
não vejo e não sinto e que não conheço. Mesmo o que não imagino nem sonho, Deus
está. É tão óbvia, tão certa, tão verdadeira a presença, a onipresença de Deus
que, embora, às vezes até duvido, por eu ser quase nada diante de tudo, ainda
assim, Deus É. Deus é o que não tenho ideia, uma curva que se inclina na reta
das minhas certezas. E ainda assim, algo certo. Absoluto. Nunca um erro. Nem
posso dizer, com todas as letras, que Deus é a perfeição, pois não tenho a
menor ideia do que seja perfeição. Deus e perfeição podem ser iguais. Ou apenas
sinônimos. Meu Deus, minha vida, meu tudo. Mas, quem sou eu para definir Deus?