novembro 25, 2011

Meus 140 caracteres por segundos...

Quando não escrevo textos mais ou menos aproveitáveis e sérios, fico tuitando no @DoCidinha coisas como: - Bolsonaro merece sapatão na cara! - Braga fará bronzeamento artificial para chegar a Oprahió •Melhor música do twitter 2011: “E o pintinho piu, o pintinho piu, o pintinho piu, piu, piu...” •Ajude-me: estou arriada os 4 pneus por um ladrão de estepe! •“99”, braço direito de Nem foi preso: cadê os 1%? •Especialista em segurança ensina na tevê como ser assaltado sem traumas. Seja vítima numa nice... •Internet: a pior e mais potente droga do nosso tempo. •Penso, logo resisto. E depois, desisto. •Para Rafinha Bastos: vc não vale nada, mas eu gosto de você •Agora é sonho de consumo: morar de frente pro mar na Rocinha Pacificada •Problema maior do Occupy Wall Street: eles sabem de onde vêm, mas não sabem pra onde vão •A mais velha profissão com a letra “p”? Papai Noel. •Dia tranqüilo, nenhuma ocupação agendada para hoje. •Casal transou algemado em carro de polícia: um típico caso de almagemadas

novembro 21, 2011

Domingo passado em branco

Esperei ver muitas publicações na tevê e internet sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, mas me frustrei, embora algumas emissoras públicas tenham destacado a “semana da consciência negra” com um ou outro documentário, um ou outro debate. Vale lembrar que, em Salvador, aconteceu o Encontro Ibero Americano de Alto Nível em Comemoração ao Ano Internacional dos Afrodescendentes – Afro XXI, porém com cobertura tímida da grande mídia. Na ocasião, a presidenta Dilma teria declarado que “a pobreza no Brasil tem face negra e feminina”- noutra postagem voltarei a este tema que também muito nos interessa. Domingo é um dia que não tem fim, ele começa, vai se estendendo, arrasta-se à tarde, chega à noite e continua. Na noite do último domingo, 20 de Novembro de 2011, sem sono e cansada de esperar pelas reportagens, coberturas especiais, filmes, programas, debates atualizados, sobre as conquistas, sobre a história - a nossa história! - a história da população negra brasileira, resolvi ler o Estatuto da Igualdade Racial. Ler e entender porque foi necessário instituí-lo, para que e para quem serve a Lei Nº 12.288/10. Primeira surpresa: este Estatuto, resultado de longos anos de tramitação na Câmara dos Deputados e que só foi sancionado pelo então presidente Lula, pode ser considerado como a 2ª Lei Áurea. Pasmem! Durante 122 anos, brasileiros e brasileiras sobreviveram de uma lei assinada pela então Princesa Isabel, aquela que libertou os negros da Escravatura. O Estatuto destina-se a “garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica” (Art. 1º). Pergunto a você: existe ou não desigualdade e preconceito racial na nossa sociedade? Fui agente censitária em 2010 e um fato me chamou muito a atenção: quando perguntava “Sua Cor ou Raça é”, na maioria das vezes percebi o quanto esta questão causava reações, que iam do constrangimento à euforia nervosa, sempre passando por certa inquietação. “Vixe, até isto você quer saber?”, ou “Pode pular esta pergunta, não quero responder?”, ou “Eu acho que minha cor é... você não acha?”. Era fácil responder que o domicílio tinha um ou dois (ou nenhum) banheiro ou que ali moravam tantas pessoas, mas quando se deparavam com a questão da “auto-identificação” tudo ficava mais difícil, chato ou incômodo! Fomos treinados para preencher corretamente os formulários e, na dúvida, podíamos tentar ajudar os entrevistados nas suas dificuldades. MENOS nesta questão, em que ele deveria responder independentemente. Acredito que a formulação em si da pergunta, já resolvia muitas dúvidas. “A Sua Cor ou Raça é” NÃO EQUIVALE a “Você é”. Ninguém “é” a sua cor, nem sua raça. Eu “não sou” branca, minha cor é branca. Ou será “parda”, afinal a cor do meu pai é preta e a de minha mãe é branca, e eu tenho a cor “misturada” de ambos? População negra é o “conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, ou adotam autodefinição análoga, conforme quesito cor ou raça usado pelo IBGE” (Art. 1º, § único, IV). A leitura do Estatuto da Igualdade, o seu conhecimento e a sua implementação é quesito obrigatório para um país que pretende construir, e não pode prescindir de uma democracia racial. Meu domingo, afinal não passou em branco.

novembro 11, 2011

Brasil não vive mais sem suas ONG's

Em 2001, inventamos eu e Jorge, amigos há muitos anos que éramos de criar uma Organização Não-Governamental (ONG), para dar projeção a uma idéia que surgiu numa conversa que tivemos num belo dia de sábado, no Programa Projeto Especial, da Jacobina FM: a de instalação de um novo e mais moderno campus em Jacobina, para transformá-la numa cidade universitária, a exemplo de Ouro Preto (MG) e Passo Fundo (RS). O projeto foi considerado por muitos, utópico e nós, visionários. O fato é que chegamos a receber a doação de uma área de 10 mil metros quadrados para a construção de um pavilhão de salas de aula, embora, sem recursos e desacreditados, somente o alicerce da obra chegou a ser concretizado. Quem viveu este momento, poderá se lembrar de que mobilizamos a opinião pública e instituímos a ONG Jacobina, que reuniu em torno de si, pessoas influentes da nossa comunidade e de outros municípios, com apoio inclusive de alguns políticos eminentes da época. Em que ponto desta intensa e breve história, a ONG Jacobina enguiçou? Passados 10 anos, criei coragem para reabrir este debate, tomando por base esta experiência pessoal de criação de uma ONG, para tecer algumas considerações sobre o que hoje voltou à discussão: a tumultuada, polêmica e complicada relação entre as entidades civis constituídas e suas fontes de recursos. Naqueles dias de criação da ONG Jacobina, levei em conta dados publicados de 1993, segundo os quais, 75% dos recursos financeiros que eram repassados para as 121 ONGs brasileiras pesquisadas provinham de outras entidades não-governamentais de cooperação e apoio internacional. Órgãos brasileiros de governo representavam pouco de mais de 3% destes recursos. Recursos estes que poderiam dar sustentação e ajudar a desenvolver as atividades destas organizações que, no final das contas, prestavam serviços relevantes e de interesse público. A diferença entre o antes e o depois é que havia um abismo entre a entre a sociedade civil organizada e o acesso aos recursos governamentais. Hoje, a maioria depende destes recursos para sobreviver. Estudo do IBGE mostra que, em 2005, existiam 338 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, sendo que 35,2% atuavam na defesa dos direitos e interesses dos cidadãos, 24,8% eram instituições religiosas e 7,2% desenvolviam ações de saúde e educação e pesquisa. Em 2010, das 232,5 bilhões de transferências voluntárias do governo federal, 5,4 bilhões destinaram-se a entidades sem fins lucrativos de todos os tipos, incluídos partidos políticos, fundações de universidades e o Instituto Butantã, por exemplo. Foram 100 mil entidades beneficiadas, 96% delas por transferências de menos de 100 mil reais, segundo a Transparência Brasil (www.abong.org.br). Difícil dimensionar e qualificar com números, percentagens e estatísticas o papel essencial deste exército de entes sociais voltado para o trabalho do bem comum, na defesa de causas próprias ou coletivas. Podemos supor que entre tantos soldados, haverá algum ou mais traidor ou desertor. A maioria não foge à luta e vence muitas batalhas tidas como perdidas. Evidente que escalar a montanha burocrática na direção dos recursos vitais, sem deixar de cometer pelo menos um erro, por menor que seja não é tarefa fácil e muitas vezes, impossível. É a “burrocracia” que grassa as melhores e mais necessárias boas intenções. Ratifico a minha opinião de que o Brasil, assim como Jacobina, não vive mais sem as suas ONG’s. Deve ao trabalho de muitas delas, significativa parcela do seu próprio desenvolvimento sócio-cultural. E não posso afirmar que aquela idéia que motivou a mim e a Jorge de criar a ONG Jacobina morreu. Talvez, fosse ela apenas uma semente, que um dia brotará em algum lugar e será regada por alguns, nesta terra querida por todos nós.