"Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler ou faça coisas que vale a pena escrever".
abril 29, 2012
Fragmentos II
Era só mais uma caricatura da vida real. Ela queria dizer mais, risonha, embora chorasse o desagrado. Havia intrínseca a máscara do tempo. Dois corpos das dunas rolavam, entregavam-se ao lúdico calor da areia, sem que isso bastasse. Ver, ao longe, constituía menos que vertigem ou labor do pensamento, sobretudo, um simples deleite. Quisera o reencontro, a utopia, a emoção, e não o sentimento. À exaustão, entregara-se, surpresa de ser. Continha-se, no entanto, avançava, lentamente. Quantas vezes ela aventurava, não cria, não sabia, não esperava. Perplexidade. Diante do indiscreto sinal do sol, que a tudo clareava de cores, a amplidão se calou, escapuliu, emergiu, assim, sem nem pedir licença. Calcular, não aprendera. Soletrar, ela soletrava. Fragmentava também. Bem assim era aquele dia, soletrado e feliz. Agradecera.
abril 21, 2012
Fragmentos
Ela sabia que nada poderia unir a ambos, a não ser um fio invisível, transpassando seus corpos, feito de matéria e éter, óbvio somente aos que vêem o que os outros não vêem. Que pecado teria eles cometido, diante do altar da reflexão e da loucura, a não ser aquele da pura sensatez? O maior infortúnio era a completa falta de um chão, um tapume no qual descansasse os pés. Mais ainda, que pudesse ela se aperceber do exato instante em que o fio havia vicejado e surgido, desconfiado e incerto, por entre os dedos da mão, e logo, pelos poros e veias, direto ao coração. “No fundo do coração” fica aonde? Ela, fora, estava. Presente. Incisiva. Sobre a nuca dele. Seguindo-o, passo a passo, cada olhar e sorriso. O que mais poderiam sentir? Faltava-lhes! Saudade.
abril 08, 2012
CARTA DE JACOBINA
Diante das inúmeras dificuldades vividas em nossa amada Jacobina, que é um dos centros urbanos mais importantes da região do Piemonte da Diamantina, a mais preocupante de todas e a que merece maior atenção por que resulta em prejuízos irreversíveis à nossa população, certamente é a falta de investimentos públicos na área da saúde.
Seja pela inexistência de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pela falta de médicos e de resolutividade em nossos hospitais; seja pelo abandono aos demais programas de saúde pública, como o de Combate à Dengue, Programa de Saúde da Família (PSF), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), entre outros.
Quantas famílias enlutadas ainda serão necessárias, para que possamos, nós, marcharmos unidos em busca de humanização e dignidade em nossa saúde pública? Quantas vidas já foram e ainda serão ceifadas devido à inércia e descaso das autoridades competentes?
Temos assistido a perda precoce de dezenas de cidadãos e cidadãs, de todos os segmentos sociais e de todas as idades – a falta de atendimento não discrimina a ninguém! – e entendemos que parte dessas mortes poderia ser evitada caso as condições não fossem tão precárias. Vivemos hoje sob forte tensão, a espera que o infortúnio bata à nossa porta e não tenhamos a quem recorrer.
A despeito de estarmos mergulhados numa profunda crise na saúde, os governos se calam e pouco fazem para reverter esta situação que se alonga em nossa história. Jacobina está passando por um surto de dengue que avassala a vida dos trabalhadores e trabalhadoras da nossa cidade.
O município vem despontando também, no Estado da Bahia, com um número aterrorizante de casos confirmados do tipo mais grave da doença, e já houve pelo menos duas vítimas fatais. O Movimento Jacobina Agoniza vem denunciando a gravidade deste problema e alertando as autoridades competentes.
Fato é que não foram cumpridas as exigências legais do Ministério da Saúde, ainda em 2011, tendo reduzida drasticamente a série dos ciclos obrigatórios de visitas das campanhas de combate e prevenção à dengue. A população sozinha não pode arcar com o ônus do descontrole. Sem o trabalho heróico dos agentes comunitários de saúde, ficamos com nossos pés e mãos atados!
O Ato Cristão em Defesa da Vida tem dia e hora marcados, mas deverá se estender além do tempo e do espaço, e se dar por satisfeito, ao percebermos uma mudança significativa, tanto no comportamento quanto nas ações, em resposta aos nossos pedidos e justas reclamações. Convidamos e apelamos aos homens e mulheres da nossa sociedade a marcharem junto conosco, com esperança e fé, nesta luta que pertence a todos e todas.
Estamos respaldados não apenas na solidariedade e união de nossos compatriotas. Para que a fraternidade social seja verdadeira é preciso saúde pública de qualidade. E a Campanha da Fraternidade 2012 surge como reforçadora dos anseios de toda a população jacobinense.
Chamando-nos a refletir e a reivindicar melhorias no sistema público de saúde em todos os níveis, a campanha trouxe à tona o tema “Fraternidade e Saúde Pública”, com o sugestivo lema “Que a saúde se difunda sobre a Terra”. O pensamento cristão se coaduna com o pensamento político.
Queremos o enfrentamento das desigualdades sociais, pelos mais pobres, e a inclusão de todos e todas aos serviços básicos, com responsabilização dos gestores públicos nestas ações de saúde, em todos os níveis: municipal, estadual e federal. Saúde Pública e de Qualidade Já!
Convocamos toda a população de Jacobina e região, a mais uma vez nos unirmos e cobrarmos das autoridades competentes os direitos que nos foram garantidos na Constituição Federal, pois não podemos nos calar ou nos omitir diante de tanto descaso e negligência.
Estamos endereçando a CARTA DE JACOBINA a todos os que têm “olhos para ver” e “ouvidos para ouvir”, sobretudo, aos que têm um coração aberto aos sentimentos de união e solidariedade a uma causa justa, democrática e cristã.
Por Cidinha do Ó, em 06/04/2012
Fonte: Projeto Ato Cristão em Defesa da Vida do Movimento Jacobina Agoniza
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