dezembro 08, 2011

Invisíveis a Olhos Nus

“... as alegrias serão de todos, é só querer, todos os nossos sonhos serão verdade, o futuro já começou, hoje a festa é minha, é nossa, é de quem quiser, quer vier...” Quem de nós não ouviu, aprendeu e cantou estes versos durante boa parte de nossas vidas, atrelados que éramos (e ainda somos) às emoções transmitidas pela telinha da sala de estar? Dava um friozinho no estômago, os olhos lacrimejavam e o coração acelerava quando todas as celebridades do ano surgiam sorridentes sob os holofotes, cantarolando, em uníssono, esta inesquecível canção que, entre outras coisas, anunciava “já é natal”! Recordo-me que mamãe não autorizava a ceia senão com este fundo musical, logo após a troca de presentes e afetuosos abraços entre todos da família. Tive um vizinho que gravou a musiquinha com um gravador de mão e reproduziu a fita-cassete na noite de Natal, por mais de uma vez. Talvez, os meninos e meninas de hoje não dêem tanta importância quanto eu e você dávamos. Afinal, nossos ídolos não são os mesmos e as aparências enganam. E se fosse Luan cantando à capela? E se Neymar fizesse malabarismos com a bola, mesmo que por breves segundos? E se o Restart se vestisse todo de branco? Nossos filhos e netos iriam ou não vibrar, como nós, todas as vezes que a vinheta se estampasse na telona? Apenas suposições de uma saudosa telespectadora que continuou a esperar com ansiedade a próxima produção. Neste ano, acredito que muitos artistas globais não gostaram do que não viram e muitos fãs não gostaram do que viram e não viram o que gostavam. Artistas declarem ou não, admitam ou não, precisam “aparecer”. Talvez seja o ofício que mais reclame o som dos cliques e as luzes dos flashes, bem como os tuites. E, convenhamos: a tão esperada vinheta de final de ano da emissora é marketing pro resto da vida de um artista! Há quem defenda que a uma aparição-relâmpago é preferível nem aparecer, pra não “pagar mico”. E que o momento da vinheta-show, não comporta sutileza. A sutileza neste caso é inadequada, para não dizer, inconveniente. É preciso crer que o fato de “não aparecer” ou “ficar invisível a olho nu”, não é problema para quem tem talento, pois talento suplanta qualquer indiferença ou ingratidão. Fã que é fã não vai se chatear só com esta “falhazinha nossa”. Foi trabalhoso identificar e congelar a imagem de nossos ídolos no YouTube? Foi. Mas valeu a pena, porque agora com a internet nós podemos adorá-los e reverenciá-los quantas horas quisermos! É isso: fã quer “ver”. Vivemos numa sociedade midiática. Ou numa ditadura midiática? Fã quer ver o corte e o penteado, bem como a cor do cabelo do seu ídolo, a maquiagem, se está bem vestido e se a roupa é feia ou bonita, simples ou sofisticada - estas coisas tolas e autênticas de todo fã que se preze. Apois, micada a tietagem nesta vinheta-show, ficamos, nós, uma legião de fãs apartados dos nossos ídolos televisivos, excluídos da #vinheta2011daglobo, na expectativa, do Carnaval. Quem sabe a gente se vê na globo...

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