"Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler ou faça coisas que vale a pena escrever".
junho 10, 2012
Fragmentar ou Esquecer?
O vento morno do entardecer começava a soprar pelas frestas da casa. Despedaçado em pequenos fragmentos de luz, o sol era vencido. O mormaço ia quebrando-se. Ouvia-se um cântico de amor, desejo e dor. Um lamento tomou o silêncio nos braços. De lamento nos braços, ela o embalou. A poeira teimava em se assentar no chão, já cansada de tanto flutuar. Ficara satisfeita em sentir o cheiro de chuva caída na terra estorricada de tanto calor. A terra ardia e respirava, ardia e respirava. Era possível ver a terra rachando de tanto sorrir. Mas, ela lembrou daquele sorriso que estalara seu coração da beleza que era. Chorou como a chuva que chora sobre a terra seca. De lágrimas quentes derramava do rosto a poeira do dia. Dia que queria se derreter e sumir. Esvair-se e gotejar. A secura de tudo recebera as lágrimas que o tempo procurou represar, e não conseguiu. Ela podia gotejar cada lembrança inventada. Como era densa e impalpável, aquela doce ilusão evaporava-se tanto quanto surgia. Decidira ela conjugar o verso fragmentar. O inverso era esquecer. E ela não o esquecia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário