julho 04, 2012

Desfragmentação

Um encontro se projetara com toda ousadia e pujança. Desfragmentar era uma espécie de abraço. Permaneceriam mutuamente abraçados, por um lapso. Não era estranha a ele aquela valsa nem as máscaras. Todo pássaro faz seu próprio ninho. Não se tratava de um conto de fadas, conquanto um carnaval. Não haveria segredos nem mistérios, apesar das máscaras. O gozo era permitido na sarcástica ditadura da fantasia. Ela penetrara o ambiente não sem acanhamento, temendo deparar-se subitamente nele. Do lado de fora, pela janela, via-se um céu avermelhado, quase sangrando a noite sem estrelas. Ela deveria emudecer, para que ele chegasse com todas as vozes e a tocasse. A corte soltava fogos, neste grande festival de intrigas que hipnotizava até aos mais distraídos. Não existe água tão profunda que um dia não seque. Desta verdade, ele sabia.

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