julho 06, 2012

Desfragmentação I

No ritmo daquela dança, rendera-se a repetir cada passo para vagar, ignorando o limite óbvio entre ambos. O tempo poderia definhar a sutileza de cada desventura e vicejar um caminho. Que fosse gentil o tempo que negava interromper a viagem, preferindo ponderar diante da recusa e deixar seguir. Que tamanho era o começo desconhecia. Nem dimensionara o peso do depois. O caos era bom, nele havia prazer. Alimentava a ele de buscas, e a ela de acúmulos. Buscas e acúmulos: o que mais poderiam usufruir do caos? Se ainda havia sede, e havia chuva, gotejasse. Ela cultivava fragmentos. Havia cacos que cortavam sem dor. Era só um vitral sem sangue nem mar que transbordava palavras. A palavra brincava de esconde-esconde com todos ao seu redor e depois, cansada, adormecia, mas não era inocente nem inócua, blefava. Transpassava sempre o vitral e se diluía em sensações. Ele se deleitava neste frágil descompasso. Sem remorso algum, ela suspirou pelo seu regresso. Um grande baile estava por vir. E com este, os aplausos.

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