junho 07, 2012

No princípio eram fragmentos

Mas o que era o amor? Ousara amar, sem saber. Havia ele lhe ensinado a música. A música que subjaz na poesia, que a supera e, liberta, vai ao coração. Mostrara-lhe o mar. Não é apenas azul, ressaltara. Disse-lhe com voz ondulada ser o mar expressão de vida. Vida imersa. Que emerge. Um amor que pensara ela podia salvar vidas. E vivo livrá-la do naufrágio. Proibido, não sucumbiu à solidão. Sozinha ela seguia nos dias e noites e madrugadas que surgiram inconsistentes, em cores flutuantes. Perdurou nos dias quentes, nas tardes frias se perdeu. Cega, via-lhe em sonho. Nos outros amores. Quando assim não o via, procurava-o mesmo em nenhum lugar, apenas procurava. E o encontrava. Sem desejar. Por mais distante que estivesse, por mais irreal que fosse. Por mais que não estivesse, não acontecesse, era. Desta estória, podia ela contar, mas nada era contínuo. Ela fracionava em sustos de lembranças, inseguras, imprecisas, suspeitas. Retalhos de imagens.

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