"Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler ou faça coisas que vale a pena escrever".
setembro 18, 2012
Se tivesse decretado emergência...
Enquanto soltam fogos e sorriem, comemorando não sei o que, o povo que vive nas roças e nas periferias de Jacobina, silencia e chora. Chora a chuva que não veio e a falta de esperança. A doença que bate à porta sem recurso para tratá-la. A “guerra dos fogos” entre as facções políticas demonstra desprezo para com o povo, para com o sofrimento do povo. É um afronte. Fiquei com vergonha. Comércio parado, agricultura parada, saúde nem se fala. Só os indicadores econômicos, sociais e ambientais se movem, para baixo, caindo vertiginosamente. O povo humilde e pacífico de nossa cidade, o trabalhador, o pequeno comerciante está assustado. O que será de nós, se pergunta. Há os que se calam, temendo a reação dos que se locupletam com a vida boa e sem preocupação ofertada pelos novos coronéis. E muitos preferem não sair de casa, temendo a abordagem, às vezes grosseira, dos que têm sede de votos e de poder. Nas zonas rurais, vemos homens e mulheres, e crianças, apáticas, sem esperança. Os filhos jovens se foram, em busca de trabalho e dinheiro para sobreviver. Contamos com milhares de filhos a menos. Nunca houve tão intenso êxodo para fugir às conseqüências danosas de uma estiagem que parece não ter mais fim. Já se produziu os refugiados e se multiplicou os indigentes. Sou das que defendem uma política de convivência, não de combate à seca. Por volta do mês de maio, cerca de 230 municípios na Bahia, entravam em emergência. Jacobina não. Jacobina promovia uma grande “dança do índio”, a maior da história e do século, despreocupada com a situação difícil daquele momento e indiferente ao que estaria por vir no futuro. E o futuro chegou. Chegou rachando a terra e a pele da nossa gente, sem pena nem dó. A dança não fez chover. A maioria das famílias de baixa renda sobrevive de Bolsa Família. A criançada vai pra escola com transporte e merenda escolar, graças aos programas sociais. Mas não é o suficiente. Era preciso mais. Nenhuma barragem construída, nem açudes, nenhuma aguada, nada. Qual cadeia produtiva foi organizada? Nenhuma. Que incentivos foram oferecidos para o pequeno agricultor? Nenhum. Quantas fábricas e ou indústrias foram instaladas? Zero. O isolamento político, o neo-coronelismo dos últimos 16 anos só ocasionou tragédias. Uma atrás da outra. Tem gente que acha é pouco.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário