setembro 28, 2011

Varre, Varre, Vassourinha!

Fiquei, mais uma vez impressionada, com o protesto da ONG Rio de Paz que, desta vez, “atacou” a opinião pública de vassouras, em Brasília. Quem é o inimigo número um da sujeira? A vassoura! As 594 vassouras verde-amarelas fincadas na Esplanada dos Ministérios servem, num primeiro momento, para alertar os porcalhões que lá se encontram alojados: limpem tudo, senão terão que procurar outro lugar pra ficar! O intrigante desta manifestação (a ONG já fez outros de arrepiar) é que ela é essencialmente pacífica, mas não é nada passiva. A vassoura, para varrer, tem que ser acionada, ela não faz nada independente, você tem que arrastá-la pra lá e pra cá, e assim, juntar a sujeira. Ou esfregar, com força, aquela mais profunda, que só sai com água e sabão. Sim, dá trabalho, canseira varrer, esfregar, mas, o resultado é reconfortante: a casa limpa, ar fresco, renovado, ambiente refeito. É a sensação de que algo muito ruim foi destruído, foi vencido. O que não presta mais tem que ser jogado fora. E o povo brasileiro não quer mais a corrupção. O povo brasileiro já está cansado de tanta sujeira. Eu estou cansada, você está também, apenas não sabemos, às vezes, como reagir, como transformar indignação em ação. Temos dificuldade em pegar a vassoura e sair varrendo, esfregando. Não temos ideia do nosso potencial, não acreditamos, é bem verdade, no nosso potencial e não aprendemos a dizer “Não”. Você já pegou uma vassoura e varreu o teu quarto hoje, ou a sala de estar, ou o jardim? Já varreu o quintal da tua casa? A praça ou a rua, nem pensar - isto é função do gari – que varre o lixo que eu, você, todos nós deixamos “debaixo” do nosso tapete, para a coleta ou jogamos das janelas dos nossos carros, nas praças e nas ruas. O lixo é nosso! A sujeira que a corrupção espalha pelos corredores da vida do povo brasileiro é avassaladora, corrói nossa esperança, empoeira nossos sonhos, aniquila nossa força. Ficamos sem força até pra varrer, afinal, varrer pra quê? A corrupção existe porque há corruptos e corruptores. Para uns, uma varridinha já resolve. Para outros, temos que arregaçar as mangas, jogar água sanitária e sabão, e esfregar, esfregar com vontade e com fé em Deus, que um dia a gente há de vencê-los, nem que seja pelo cansaço. Porque vassouras? “É um símbolo universal. Não tem a mínima relação com o passado reacionário, anti-democrático. É uma vassoura de um novo Brasil, uma linguagem que o pobre entende”, explica o presidente da ONG Antonio Carlos Costa. É isso.

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